domingo, 27 de junho de 2010

Ela abriu a porta, e carregada de fumaça preta com seu manto longo tampando todo o seu corpo e arrastando suas correntes, que ali pareciam silenciosas, foi entrando lentamente em meu quarto. Me sentei, abracei mais forte o urso que eu nunca largara e comecei a sussurrar... ' Quem está ai ? '
Ela apenas entrou, me olhou com a sua mascara branca e pegou a sua enxada, deitou na minha cama aos meus pés, e não disse nada. - ' Pai ', chamei.
Ele caminhou até meu quarto, me encolhi. Ela se levantou, deitou em baixo da cama quebrada e ele ascendeu a luz. - ' O que foi ? '
- Eu, eu quero um copo de água.
Ele me trouxe, eu bebi. Deitei, cobri minha cabeça e o ouvi sair pela porta depois de apagar a luz.
Eu tinha 11 anos e pensei ter visto a morte. Era como a da turma da Mônica, idêntica. Mal sabia eu que a morte não usava manto preto, mascaras ou arrastava correntes e carregava enxadas. Ela usa roupas, sentimentos, arrasta sua alegria e carrega todo o seu amor; nem se preocupa em se esconder ou se fantasiar; ela apenas vem, como uma pessoa comum e suga tudo que um dia te fez viver. Ela simplesmente vem, e carrega você... lentamente.

0 Pessoas invadiram meus sonhos.:

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