quarta-feira, 9 de junho de 2010

- crianças

Estava sentada no chão, me despedindo daquele terreno que nunca mais veria, agora que seu dono se fora. No céu as estrelas brilhavam como nunca, a lua imensa transportava para a imensidão azul marinho toda sua luz. Era uma noite linda, perfeita; exceto pelo fato de que eu estava em um velório. Sentada naquela pedra com todas as minhas lembranças, ouvia as lágrimas aos soluços dos meus familiares que choravam pela perda. Meu avô, a minha luz. As lágrimas que agora queimavam em meu rosto eram tristes. Eu estava tão distraída nas lembranças que nem notara a criança que sorria admirando o céu ao meu lado.
- Porque você tá chorando ? - ela perguntou, me olhando.
- Você não entende!
- Ele virou um anjo né ? - ela perguntou esperançosa, me fazendo rir em meio as lágrimas.
- Sim. Virou.
- Então, porque você tá chorando ?
- Eu nunca mais vou ver ele, nunca mais sentirei seu abraço frouxo ou sua mão trêmula.
- Tá vendo aquela estrela ali ? - ela falou apontando para o céu.
- Hm.
- Ontem ela não tava aí, é a mais brilhante. E é ele! Antes dele ir, me prometeu que nunca me deixaria, e eu sei que pormeteu pra você também.
- Sim; mais me deixou.
- Não, ele continua com você, está com você agora... Aí dentro. Toda vez que você sentir o vento tocar seu corpo e ele se arrepiar, é ele te dando aquele abraço fraquinho. Ele te ama, e vai te proteger, continuar com você. Sempre.
Comecei a chorar e a rir ainda mais, naquele momento o vento me tocou, e meu corpo se arrepiou. E eu nem sabia se era eu ou ela a criança inocente. 
Crianças, não deviam mesmo crescer!

- foram essas as palavras que disse a mim mesma, eu acabei voltando ao terreno algumas vezes, mais não era a mesma coisa. Nunca foi a mesma coisa, sem ele.

0 Pessoas invadiram meus sonhos.:

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